A música é uma linguagem universal que acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos. Dos rituais religiosos nas civilizações antigas às salas de aula contemporâneas, sua presença atravessa culturas, histórias e gerações. Neste post, vamos entender como a música pode ser uma poderosa aliada na educação infantil, promovendo o desenvolvimento integral das crianças e tornando o aprendizado mais significativo.
Desde a Antiguidade, a música foi usada como forma de expressão entre povos como os gregos, egípcios e árabes. O termo “música” tem origem na mitologia grega, significando “a arte das musas” (BRÉSCIA, 2003). A música era considerada uma dádiva divina na Grécia Antiga e, com o tempo, assumiu diferentes papéis nas culturas, sejam religiosos, políticos ou sociais (PCNs, 1997).
Na Idade Média, a música ficou subordinada ao controle religioso. Apenas a partir do Renascimento e das transformações sociais que se seguiram, ela passou a ser valorizada também como arte e linguagem educativa.
No Brasil, a música chega com os portugueses e se mistura às culturas indígena e africana, criando uma rica diversidade sonora. Os padres jesuítas usavam a música como instrumento de catequese, mas sem fins educativos (FRANÇA, 1953).
Somente com a Lei 11.769/2008, sancionada pelo presidente Lula, o ensino de música foi incorporado de forma obrigatória nas escolas brasileiras, incentivando seu uso pedagógico.
A musicalização é um processo de construção do conhecimento que desenvolve a sensibilidade, a criatividade, a memória, a concentração e a socialização (BRÉSCIA, 2003). A música está presente desde o berço: cantigas de ninar, rodas, jogos e parlendas constroem os primeiros vínculos afetivos e cognitivos (BRITO, 1998).
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) destaca que a música é uma forma essencial de expressão humana, justificando sua presença na educação desde os primeiros anos (BRASIL, 1998).
Trabalhar com a música em sala de aula não exige formação musical por parte do professor. O foco é proporcionar experiências significativas que integrem som, movimento e expressão (GODOI, 2011).
A música pode ser utilizada para introduzir conteúdos de forma lúdica, facilitar a memorizacão e estimular a criatividade. Ela também contribui para o desenvolvimento motor e emocional da criança. Segundo Gainza (1988), as atividades musicais têm efeitos físicos, psíquicos e mentais positivos, promovendo alívio de tensões, expressão emocional e organização mental.
O professor deve considerar os conhecimentos musicais que a criança traz de casa e valorizá-los, ampliando seu repertório com novas experiências musicais (PENNA, 1990). Apresentar diferentes gêneros musicais, como samba, rap, cantigas populares ou clássicos internacionais, permite que os alunos ampliem sua percepção crítica e cultural (BRITO, 2003).
A música é muito mais que uma atividade recreativa: é um recurso pedagógico essencial na formação das crianças. Quando bem planejada, ela favorece a aprendizagem, o desenvolvimento emocional, motor, cognitivo e social.
Como defende Snyders (1992), a música é uma linguagem que mobiliza o indivíduo por inteiro, e por isso deve ser parte fundamental da rotina escolar desde a educação infantil.
Referências:
BRASIL. MEC.Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília:MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
BRÉSCIA, Vera Pessagno. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, 2003.
Vânia. Atividades lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado. Petrópolis: Vozes, 2004.Autor: Christiana Teixeira Coelho.
BRITO, Teca Alencar de Almeida. Música na Educação Infantil. Editora Peirópolis, 2004.
FRANÇA, Eurico Nogueira. A música no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1953.
GODOI, Luiz Rodrigo. A importância da música na educação infantil. Londrina – PR. Tese apresentada a Universidade Estadual de Londrina, 2011.
SOUZA, Cássia Virgínia Coelho de. Linguagens na educação infantil: Linguagens Artísticas. Cuiabá: UFMT, 2008.NOGUEIRA, M.A. A música e o desenvolvimento da criança. Revista da UFG, Vol. 5, No. 2, dez 2003. Disponível em: www.proec.ufg.br acesso em 26 de fevereiro de 2018.
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